quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Wilson Balaions.: Dignidade Afogada!

Um país onde o bolso sempre será o primeiro a ser lembrado, fica difícil mudar a vida e qualidade das pessoas ao redor.
Wilson Balaions.: Dignidade Afogada!: Não só afogada, como também soterrada, molhada, levada por enxurrada e por ai vai. Desde que me conheço por gente vejo a mesma trag...

Dignidade Afogada!

Não só afogada, como também soterrada, molhada, levada por enxurrada e por ai vai. Desde que me conheço por gente vejo a mesma tragédia todo verão, entra ano, sai ano, entra verão, sai verão a realidade de enchentes, enxurradas e pessoas mortas por causa dessas chuvas de verão são as mesmas.
Na realidade o que muda, são os destinos, tem ano que é no Estado do Rio de Janeiro, outro ano Bahia, São Paulo, Santa Catarina e agora Minas Gerias Espírito Santo, que já contabiliza 30 mortes.
As autoridades, claro, já tem o discurso pronto. Um diz: “Não podemos brigar com a mãe natureza”. “É um tragédia sem precedentes”, dispara outro.
Depois, voltasse para o dia-a-dia e resgates de vitimas e o itinerário das autoridades é o seguinte: governador do estado atingido, com o presidente(a) da república, todos em um helicóptero da FAB sobrevoando a área atingida e definindo o futuro dos desabrigados, quando pousa, cada um faz seu discurso de solidariedade e por fim o presidente afirma: “Vamos liberar 30 bilhões de reias para ajudar a região a se reconstruir para dar dignidade a essa povo”.
Balela, patacoada, sempre a mesma porcaria de discurso que já vem pronto dos computadores das cidades atingidas, muda-se a data e o local, assina-se o repasse de verbas e pronto, a solução esta feita. Bando de mentirosos e cúmplices de tragédias de verão. Afinal, cadê o investimento e reconstrução das cidades de Petrópolis e Teresópolis? Não se lembra, pois é, o prefeito de uma delas foi afastado por desvio de verbas e dois anos depois daquela tragédia, nada foi feito.
Moramos em um país onde somos fantoches, os políticos fazem o que querem conosco e pelo jeito, não adiantou ir para as ruas em julho passado e, não foi só por causa dos R$ 0,20 centavos, o que nos falta é político com caráter, com P maiúsculo, político com vontade de mudar a realidade do povo.
Essas tragédias todos os verões são mais que anunciadas, pessoas se empilham em morros, invadem mangues e os aterram, constroem habitações em beira de rios que transbordam com uma simples chuva e a prefeitura e o poder publico finge-se de cego e não melhora essa condição, o meio ambiente e ministério público , muito presente nos dias de hoje, multam bastante, mas,  são as empresas que poluem e constroem em “áreas de risco”.
Sei disso, porque moro em uma cidade que tem exatamente essa realidade, os morros estão tomados de gente e os mangues, o que menos tem são caranguejos e, é essa área que o poder público espera para a próxima desgraça de verão, soterramentos, enxurradas e muito dinheiro do governo federal para reconstruir a dignidade alheia.
Assim como na saúde, educação, segurança e habitação, muitas almas pobres, sem recursos e instrução morrerão aos montes enquanto esse Brasil for assim, ausente de todas essas questões.
Wilson Balaions. Radialista e Jornalista. 25.12.2013.