quinta-feira, 29 de março de 2012

Os 200 de Chico!



“Branco, índio, mulato, preto, negão, birolho, caolho, bicha, gay, travesti, transexual, nordestino, baiano, nortista, gaucho, político corrupto, opa, isso é redundância, enfim, uma série de personagens do multi-facetado Chico Anísio, que foi um artista incrível, nunca foi processado por racismo ou discriminação racial, que é a mesma coisa, diga-se de passagem.
A escrachada banda que morreu numa queda de avião em março de 1996, os Mamonas Assassinas, também utilizavam desse recurso de misturar o deboche com ironia e avacalhar com a opção sexual das pessoas e do local da qual as mesmas migravam para São Paulo, tinham sido alvo de processo contra o racismo e o líder da banda, Dinho, disse: -“ o Chico Anísio faz isso há 40 anos e nunca aconteceu nada, porque os Mamonas precisam passar por isso”?
Fora a genialidade dos artistas citados, cada qual no seu devido lugar é lógico, muita gente mistura as coisas e as piadas ganham proporções gigantescas, que vão de ofensas morais até agressões como na Avenida Paulista,por exemplo, dado a entender de que as pessoas não estão prontas intelectualmente para viver em sociedade com outras que tem diferente estilo de vida ou de sotaque.
Chico Anísio em sua incansável trajetória do riso, mostrou através das ondas do rádio e depois das lentes da TV que humor não tem limites, preconceito sim, e fez muitas gerações e vai continuar fazendo, rirem de tudo o que for escrachado e engraçado, ou alguém aqui se esqueceu de como o Chacrinha se apresentava?
Para falar a verdade a saída de cena do Chico deixará um legado, uma lacuna na história do humor no país, a qual, não sei ainda de como será preenchida, nosso Brasil, como mesmo o Chico dizia, tem centenas de milhares de comediantes nos palcos nas noites afora. Temos uma massa crítica muito exigente, o humor brasileiro é muito rico e inteligente, não é a toa que fazer humor aqui é difícil.
Material humano nós temos, como se vê tem sempre alguém despontando, genialidade e improviso também não falta, lugar, qualquer barzinho da noite aceita, motivos para rir temos vários, até de nossas próprias desgraças, agora, agradar a massa, aí esta o diferencial do artista.
Encerro dizendo que a vida ensina e imita a arte e vice versa, só mesmo um “Professor Raimundo Nonato” para dar todos esses ensinamentos a nós, que nem mesmo Pelé foi melhor que o “Coalhada”, que ninguém soube se vingar tão sutilmente como “Bento Carneiro”, tão pouco pregou como “Tim Tones”, nem sincero como “Nazareno”, metido como “Alberto Roberto”, ao “Amado Mestre” deixo meu obrigado pelo que fez pelo Brasil, por ter nos dado a honra de rir sem motivos.
Agora eu vou pegar uma abelha, porque “Jovem não come mel, jovem chupa a abelha” e, descansar um pouco, porque “Jovem não dorme, Jovem dá um tempo”, o barato é ser Jovem!
Wilson Balaions. Radialista e Jornalista. 26.03.2012.