quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O Maltrapilho Cheiroso!

 
Tem dias que fico me perguntando até quando o brasileiro vai continuar a ser tratado como um Zé Ninguém, seja no setor burocrático ou prático e até mesmo no que tange a saúde, educação e até mesmo a falta dela.
Muitas vezes não tem como não ficar revoltado com o que vivenciamos no dia-a-dia no que ouvimos, vimos e lidamos!
Amigo leitor, você já vai entender o que quero dizer. Escrevi este artigo na capital do Brasil, Brasília. Vim para cá a convite de amigos para poder espairecer e descansar e, infelizmente, uma pessoa muito querida nos deixou.
Não vou aqui discutir a capacidade do médico que a acompanhou no seu tratamento, mas, alguns indícios dão conta de que o médico não deu a devida atenção à gravidade do problema e também não vou me refutar em dizer que a saúde nesse país ainda é uma grande piada e detalhe, estou falando de Brasília, a capital do Brasil.
Antes de sucumbir, a paciente passou por todos os setores do hospital, da internação a UTI, sem antes comentar que teve que esperar por mais de 6 horas para que a mesma pudesse ser atendida com a dignidade que qualquer brasileiro mereça e outro dado importante, ela ainda teve forças para escrever de próprio punho uma reclamação na ouvidoria do hospital.
Passado três dias, seu marido teve que usar da influência para que ela tivesse a atenção e tratamento adequado, mas, infelizmente, foi em vão, daí que entro no título desse artigo. Parece que enquanto os médicos não sabem quem você é, és tratado como uma pessoa qualquer, como um maltrapilho, o que deveria ser obrigação, vira “favor”, porque quando sabem quem você é, passam um perfume e pronto,“vamos dar toda a atenção que ela merece”, doce ilusão! Confesso, prefiro acreditar em fatalidade a acreditar em descaso, sem querer sem redundante.
E não é culpa deles, o sistema de saúde esta falido no Brasil e os obriga a ser assim, que me desculpem e perdoem os médicos que ainda trabalham por amor a profissão e tratam todos com igualdade, mas, conheço casos em que essa realidade é a mais pura do mundo. Sou amigo desse, conheço aquele e por ai vai. Então, é pelo valor de seu CPF que é tratado, é isso? No meu mundo isso se chama falta de profissionalismo, de respeito, comprometimento.
Caracas, já escolhemos o nome do mascote da Copa de 2014, o Fuleiro, quer dizer, Fuleco e ainda não aprendemos a tratar nossos pacientes em hospitais, educar nossas crianças nas escolas, dar trabalho e moradias dignas ao povo trabalhador, não àqueles vagabundos que passam uma vida pedindo.
Poxa, acredito tanto nesse país e ele insiste em me decepcionar, em mostrar para mim quem realmente eu sou, um paciente a deriva, um cliente desrespeitado, um cidadão indignado, um contribuinte usurpado e o pior, muitas vezes, um filho de Deus, desacreditado!
Wilson Balaions é radialista e jornalista. 28.11.2012