quinta-feira, 26 de abril de 2012

“Em boca fechada...”



“...não entra mosquito”. Pelo menos é essa a opinião dos mandantes do assassinato do jornalista e blogueiro Décio Sá que foi morto na noite desta segunda-feira dia 23 com seis tiros em um restaurante na Avenida Litorânea em São Luis no Maranhão.

Assim como na medicina, a profissão de jornalista se expandiu, foi multiplicada para diversas áreas e hoje o médico, quer dizer, o jornalista, não é mais o “Doutor Sabe Tudo” da época da sua Vó, onde esse profissional fazia um pouco de tudo.

No dicionário do jornalista encontraremos uma série de sinônimos para o “detentor da verdade”,que ao sair da universidade pensa que é o intocável, o descobridor das Américas, mas aos poucos descobre que não passa de um mero Pedro Álvares Cabral que veio descobrir o que já estava descoberto há tempos.

Pauteiro, editor, redator, enfim, essas são algumas denominações que um jornalista é chamado depois de formado, às vezes faz uns bicos de free lancer, fotógrafo, cinegrafista, motorista, blogueiro e por ai vai, afinal, para exercer essa função, que até bem pouco tempo, de acordo com um ministro e uma juíza, não era necessário ser diplomado.

E, pegando carona nessa insana decisão, muitos “jornalistas” deram entrada em seus registros profissionais que chamamos de “Mtb” e, assim o conseguiram com algumas ressalvas que não cabe aqui agora citá-las. Infelizmente essa profissão que orgulha muitas pessoas, desilude muito mais devido a falta de respeito, reconhecimento e salários comparados aos pobres professores, um pouco melhor é verdade, para o martírio dos professores, que tive muitos para tornar-me jornalista.

O que vou deixar exposto aqui, além da falta de reconhecimento, é de como a política e o jornalismo estão alinhados ou estreitando ainda mais essa relação, como o jornalista e o político andam lado a lado.

É público e notório que não existe espaço nas redações para a quantidade de profissionais existentes no mercado, então as assessorias de comunicação ganham cada vez mais espaço no mercado, fazendo com que os políticos precisem desses “holofotes” pensantes para mostrar seus trabalhos e melhorar as suas imagens.

No caso do Décio Sá, a coisa andou um pouco diferente do que se imaginava. Porque ele era um cara que escrevia e mostrava a realidade para a população, incomodando e virando para si aqueles flashes de luzes que até então estavam direcionados para outras esculturas. E todo mundo sabe o que os pombos fazem em esculturas apagadas!

Então, querido leitor, vou sim me indignar com que aconteceu com meu colega de profissão, nós temos que nos virar nos 30, 40, 50 para sobreviver nesse estado falido que não da suporte. Mais dignidade, segurança, respeito e um salário decente onde um dia eu possa acordar, me apaixonar e ter o direito de ter uma família, que é o que todo trabalhador deseja.

Wilson Balaions. Radialista e Jornalista. 24.04.2012.