A semana que passou fiquei sabendo que um amigo teve que retirar de seu bar, por decisão judicial, com pena de multa e até fechar seu bar, caso não acatasse a decisão do juiz, para que ele suspendesse a música ao vivo, mecânica e as peças de tetro que eram apresentados em seu estabelecimento.
Por se tratar de que o bar esta na região central da cidade e como seus vizinhos são pessoas que têm influência em alguma esfera, seja ela, da política, justiça ou não, o fato é que um desembargador, segundo as informações que obtive, declarou guerra ao citado bar e, com seu “poder na caneta” e influência, conseguiu que as atividades artísticas nesse local fossem cessadas.
Devo esclarecer ao nobre magistrado que o dono desse bar, investia de seu próprio bolso por volta de R$ 1.500,00, do seu lucro, para pagar e dar espaço aos artistas e cantores da cidade por mês, imagino que um bar daquele tamanho, o lucro não deve ser dos maiores.
Isso quer dizer que, além desse comerciante dar espaço aos artistas locais, promovia a cultura, a sociabilidade das pessoas que lá freqüentavam, por causa das manifestações artísticas e a interação entre amigos.
Quando estive lá, por exemplo, o bar estava vazio, sem clientes, sem música, sem a graça que só a arte promove e, detalhe, ele me confidenciou que o “barulho” que seu bar produzia, era “britanicamente” encerrado às 10 da noite, respeitando a lei do código de posturas de Guarujá e a lei do silêncio.
Acho que o nobre magistrado deveria no alto de sua inteligência, no alto de seu poder de persuasão, no alto de sua capacidade intrínseca de valorização da vida e os valores morais e no alto de seu sétimo andar, conversar e fazer um acordo de cavalheiros com o comerciante, para que não perca um dos poucos lugares que valorizam a arte local de Guarujá.
O valor do salário de um desembargador no país é bem alto, para os padrões salariais que temos, não vou cometer a insensibilidade de divulgar aqui, isso sem compará-lo ao mínimo, seria uma comparação a La David e Golias, então, imagino que esse senhor não tenha problemas em pagar seus débitos no fim do mês, ao contrário do comerciante que gosta de dividir a alegria e a paixão pela música com seus amigos e clientes.
Sabemos de inúmeras situações onde o mais fraco perde e de goleada para o mais forte e bem quisto na alta casta social de determinado lugar ou cidade.
A sua canetada doutor resolveu o problema de uma única pessoa, a sua, e a determinação judicial trouxe problema financeiro a várias pessoas, o próprio comerciante, os artistas que se apresentavam, funcionários do bar, os parceiros comerciais e o mais importante o cliente, ficou sem seu lugar de prazer.
Peço que se essa mensagem chegar aos olhos e consciência desse senhor, que seja revisto e repensado o seu conceito em relação à coletividade, afinal, ninguém consegue viver sozinho, sempre vai precisar de alguém para algo, ou caso contrário, mais uma porta se fechará como o senhor poderia fazer com sua janela, encerrando um ciclo.
Wilson Balaions. Radialista e Jornalista. 23.07.2011
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